segunda-feira, 3 de maio de 2010

Recife_PE


RECIFE
História & Cultura

No começo, alguns pescadores e homens do mar se estabeleceram na estreita porção da terra, que vinha de Olinda e se alargava para as bandas do extremo sul. Alguns armazéns para recolher os açúcares; uma pequena ermida, sob a invocação de um santo amigo das gentes do mar - São Telmo, o Recife começou assim.

Mais tarde, os pesados veleiros, que precisavam refrescar em águas bem abrigadas, livres da agitação do ancoradouro de Olinda, buscaram a sombra dos arrecifes, que se erguiam ao sul. Assim surgiu o Recife, em função do velho ancoradouro espécie de largo canal situado entre os arrecifes de arenito e a península, onde se misturavam as águas do mar e as dos dois rios - o Capibaribe e o Beberibe.

Construíram-se, depois alguns fortes - o do Mar, o de São Jorge e o do Bom Jesus, que, mais tarde, em 1561, defenderiam o Recife contra o ataque dos piratas franceses, aqueles que deixaram gravada numa das pedras do arrecife "Le monde va de pis en pis".

Mas, somente em 1630, quando a humilde povoação se estendera até a ilha dos Navios, na confluência dos dois rios, e já apresentava a igreja que os frades franciscanos ali haviam erguido, dar-se-ia a grande invasão holandesa, empreendida por uma esquadra de 56 navios, comandada por Henry Cornell Lonck.

Abria-se um dos capítulos mais movimentados, vivos e heróicos da história de Recife. Defendida por Matias de Albuquerque, ocupada pelos holandeses, governada pelo Conde João Maurício de Nassau, Recife nunca foi subjugada de todo. Nem mesmo no brilhante governo de Maurício de Nassau, que dotou a terra de amplos jardins e palácios, promoveu a vinda de homens ilustres, como Marcgraf, botânico; Franz Post e Eckout, pintores; Clalitz, geógrafo; Plante, latinista e poeta; Piso, naturalista.

João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Filipe Camarão e Henrique Dias são os principais heróis da Restauração Pernambucana, movimento em que culminava a surda hostilidade e resistência contínua contra os dominadores. Na Campina do Taborda, pernambucanos e holandeses, depois das duas memoráveis batalhas dos montes Guararapes, assinam a capitulação no dia 23 de janeiro de 1654. Durara 24 anos o domínio holandês.

Após a Restauração, o Recife entra em período de intenso desenvolvimento, facilitado pelas trocas comerciais através do seu porto. Disto resulta grave rivalidade com Olinda, cujo desfecho vem a ser o conflito que passou à historia com a denominação de Guerra dos Mascates. Era a revolta dos nobres de Olinda contra os portugueses do Recife, ciosos da elevação de seu povoado à categoria de Vila, mediante a instalação do pelourinho, em 1710. Nessa movimentada luta surgiu o Sargento-mor Bernardo Vieira de Melo, com a sua proposta da instauração de uma República na capitania, "ad instar" da de Veneza, talvez a primeira tentativa de implantação do regime republicano na América. Sufocada a rebelião, o pelourinho é reerguido e o Recife permanece como Vila.

A cidade marca o seu progresso com a instalação de uma Alfândega, a construção de várias pontes, a execução de aterros, que ganham novas superfícies úteis às terras alagadas. A 6 de março de 1817, rebenta no Recife uma revolução de caráter republicano e nativista. Os nomes de Domingos Teotônio, Manuel Correia de Araújo, Domingos José Martins, Pedro de Souza Tenório, José de Barros Lima e outros estão na boca de todos. O movimento, porém, é dominado e um governo despótico é instituído, tendo à frente Luís do Rego Barreto. Mais tarde, a 26 de outubro, o governador português e suas tropas embarcam para Portugal; tropas de além-mar não mais desembarcariam no Recife.

Pernambuco, assim, tornava-se independente antes do Grito do Ipiranga. O Recife é elevado à categoria de Cidade, no dia 5 de dezembro de 1823. No ano seguinte, rebenta outra revolução de caráter republicano, que passou à história sob o nome de Confederação do Equador. Dentre os heróis desse movimento destaca-se Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, que foi fuzilado a 13 de janeiro de 1825. Em 1827, o Recife passa a ser capital da província.

Dois movimentos revolucionários, a setembrizada e a abrilada, em 1831 e 1832, respectivamente, são logo dominados.

Em 1838, assume o governo da província Francisco do Rego Barros, posteriormente Conde da Boa Vista, cuja administração foi assinalada por notáveis melhoramentos urbanos. Duas grandes realizações datam desse período: a construção do Palácio do Governo e a do primitivo Teatro Santa Isabel, obra do engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que o Conde fizera vir de Paris, de onde vieram, também, outros técnicos. Cais, estradas, pontes, abastecimento de água, uma Repartição de Obras Públicas, foram algumas das tarefas empreendidas por Francisco do Rego Barros.

Esse brilhante período da vida do Recife foi perturbado, todavia, pela Revolução Praieira, irrompida em 1848 e organizada pelo partido liberal, composto dos "praieiros". Chefes principais: Pedro Ivo, João Roma, Nunes Machado - este último morto bravamente em combate.

O Recife entra, então, numa fase de acelerado progresso. A cidade começa a ampliar-se, iniciando-se, em 1907, a execução do grande e modelar plano de saneamento, concebido pelo higienista Saturnino de Brito.

Fonte: IBGE


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